quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Como é que estamos hoje na Itália?


Itália hoje? Não sei o que acontece. Tudo mundo, jovens, adultos, trabalhadores, empresários, parecem estar descontentes da(s) situação(s) que o país vive.  A grande maioria dos amigos formados nas universidades do país têm problemas para encontrar um trabalho relacionado com suas especializações. Alguns estão desempregados e, aos 30/35, ainda vivendo com os pais. Outros abdicaram aos seus sonhos pela segurança econômica. A escolha parece ser entre (a) encontrar qualquer trabalho se despreocupando da coerência (educacional e vivencial), e (b) seguir lutando, coerentemente, mais navegando constantemente num mar de incerteza, e flexibilidade laboral.
                Respeito ao Brasil, os jovens italianos se formam mais tarde, normalmente aos 25 anos, ou mais, não chegando a ter, durante os estudos, bancados pelos pais[1], contato nenhum com o mundo do trabalho, ao não ser trabalhos muito precários, no mercado negro. Quando terminam a faculdade desse jeito, enfrentam problemas de experiência, requisito pedido por muitas empresas. Por essa razão, os primeiros anos de trabalho não são bem retribuídos, às vezes não são retribuídos para nada, e os jovens têm dificuldades para sair da casa da família. Recalculando, se uma pessoa termina a universidade aos 27, depois trabalha 2 ou 3 anos precariamente, chegamos aos 30, como mínimo.
                No mercado do trabalho, os empresários não querem investir em recursos humanos, pois, segundo uma lógica de mercado capitalista, é a publicidade a rainha e conta mais promover os produtos de forma maciça do que criar produtos bons e funcionais. Por isso, frequentemente eles buscam estagiários aos quais pagam um salário menor, ou contratam pessoal ilegalmente, excluindo lós lhe das garantias obrigatórias como férias pagas, contributos sociais, ecc... Isso provoca mais insegurança nos jovens, escassa confiança no mundo do trabalho, e ânsia. Alem disso, há problemas materiais, como a impossibilidade de aceder a qualquer tipo de financiamento para comprar, ou alugar, uma casa, comprar um carro, ecc.., já que sem contrato ninguém vai lhes dar credito.
                Isso vale pelos que já fizeram contas com uma exigência real, futura, aceitaram os compromissos,; mas ainda têm os que não querem pagar as contas que não são deles, os que querem ser reconhecidos e avaliados pelo que valem, os que não ficam quietos quando alguém toma o seu lugar só por ser filho o neto dum político e/ou empresário. Neles não é vivo somente esse (res)sentimento do roubo que estão sofrendo, pois não acreditam na única verdade da propriedade privada, é mais trabalhoso aceitar o roubo de competências, de ideias, de sentimentos.
Como fica um país que não consegue valorizar seus talentos? Como querem que eles se sintam? Os fatos de Roma - www.wumingfoundation.com/giap/?p=5599 -, versão italiana da manifestação planetária conjunta “Occupy everything” (962 cidades em 85 paises) acontecidos o dia 15 de outubro de 2011 não são pura violência ou terrorismo, como muitos médios de comunicação querem que acreditemos, mas sim uma resposta ao estado de coisas que vivem essas pessoas. Precisa se de espaços de reunião e discussão, de cores, corações, invenções, intemperancias voltadas a construir.


[1] Cabe dizer que em Itália a maioria das pessoas cursam universidades publicas, nas quais os impostos não são (exageradamente) altos, mas dependem da renda famíliar e da universidade.  São raras, as McKenzies, mas existem, e algumas dessas garantizam um trabalho.

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